As abelhas sem ferrão, pertencentes à tribo Meliponini, são nativas do Brasil e desempenham um papel crucial na polinização de ecossistemas naturais e agrícolas. Com mais de 500 espécies registradas, essas abelhas são adaptadas a diversos biomas brasileiros, incluindo a Amazônia, Cerrado e Caatinga. Além de sua importância ecológica, elas produzem um mel com propriedades físico-químicas únicas, que variam conforme a região e a flora local.
O mel das abelhas sem ferrão possui características distintas em comparação ao mel da Apis mellifera. Ele apresenta maior acidez e umidade, o que lhe confere um sabor levemente ácido e uma textura mais fluida. Essas propriedades são influenciadas pela origem botânica do néctar coletado, pelas condições ambientais e pelas práticas de manejo adotadas na meliponicultura.
Estudos têm demonstrado que o mel de abelhas sem ferrão possui propriedades farmacológicas promissoras, incluindo atividades antibacterianas, anti-inflamatórias, antioxidantes e cicatrizantes. Essas características tornam-no um candidato potencial para uso em produtos fitoterápicos e terapias alternativas. No entanto, a base de dados sobre as propriedades dos méis de abelhas sem ferrão ainda é limitada, indicando a necessidade de mais pesquisas para explorar plenamente seu potencial medicinal.
A meliponicultura, prática de criação de abelhas sem ferrão, tem ganhado destaque como uma atividade sustentável que alia conservação ambiental e geração de renda para comunidades locais. Além de contribuir para a preservação das espécies de abelhas nativas, a meliponicultura promove a manutenção da biodiversidade vegetal por meio da polinização e oferece produtos de alto valor agregado, como mel, própolis e pólen.
A expansão da meliponicultura no Brasil enfrenta desafios, incluindo a necessidade de regulamentação específica para os produtos das abelhas sem ferrão e a padronização de parâmetros de qualidade para o mel. Atualmente, a legislação vigente não contempla as particularidades do mel de abelhas sem ferrão, o que dificulta sua comercialização em larga escala. Esforços para estabelecer normas adequadas são essenciais para impulsionar o setor e garantir a segurança e qualidade dos produtos oferecidos aos consumidores.
A preservação das abelhas sem ferrão é fundamental para a manutenção dos ecossistemas brasileiros. A perda dessas polinizadoras pode levar à diminuição da diversidade vegetal e afetar a produção de alimentos. Portanto, iniciativas que promovam a conservação das abelhas nativas e incentivem práticas sustentáveis de meliponicultura são de extrema importância para o equilíbrio ambiental e o desenvolvimento econômico sustentável.
Em conclusão, as abelhas sem ferrão desempenham um papel vital na biodiversidade brasileira e produzem um mel com propriedades únicas e potencial farmacológico significativo. A meliponicultura surge como uma alternativa sustentável que alia conservação ambiental e geração de renda, destacando-se como uma atividade promissora no contexto da bioeconomia. Investimentos em pesquisa, regulamentação adequada e conscientização sobre a importância dessas abelhas são fundamentais para aproveitar plenamente os benefícios que elas oferecem.
(Fonte: O potencial farmacológico dos méis de abelha meliponini e o fator bioeconômico que compreende sua produção: uma revisão narrativa- UFPA Universidade Federal do Pará)